quinta-feira, novembro 13, 2008

Memorial

Minha escolha profissional vem sendo direcionada e construída com o passar do tempo, pois inicialmente quando comecei a pensar nisso, lá por volta dos 10 anos de idade, eu pensava sempre em escolhas que fossem relacionadas ao que me divertia e me dava satisfação e aos 10 anos de idade havia duas coisas que me davam muita satisfação: falar e escrever! Aconteceu que um dia conversando com um adulto chamado Vicente que era muito amigo de minha família, ele me explicou que havia uma profissão certa para mim, que parecia muito com as coisas que eu gostava de fazer, a profissão era o Jornalismo e quando fiz doze anos este mesmo amigo me incentivou ainda mais me dando uma máquina de escrever, confesso que preferia escrever no meu diário, mas amei o presente.
Na mesma época porém começava-se a falar muito da informática, de uns termos como processamento de dados, computação, e de microcomputadores também e me interessei muito por este tema que me causava grande curiosidade, queria muito poder mexer num computador naquela época, foi então que decidi do alto de meus treze anos que seria ou jornalista ou mexeria com processamento de dados (sendo lá o que isso fosse!) .
O tempo passou como tinha de ser e me formei no “colegial” em 1996, estava então com 18 anos e resolvi arrumar um trabalho de verdade, pois até então eu fazia alguns trabalhinhos com vendedora extra aos finais de semana na cidade em que vivia (Embu das Artes), e deixei um pouco de lado a idéia da faculdade por um tempo, neste período trabalhei como atendente de uma rede de fast food de comida chinesa (China In Box) e sete meses depois saí desta empresa disposta a retomar meu sonho de entrar na faculdade de Jornalismo, e agora queria entrar numa faculdade pública! Foi então que por indicação de uma grande amiga entrei no cursinho pré-vestibular Aprove, que era um cursinho para alunos e baixa renda, onde fiquei dois anos, fiz grandes amigos que carrego até hoje e também sonhei...neste momento tinha certeza que seria uma jornalista, que seria uma repórter investigativa como a personagem Louis Lane (a do Super homem, sabe?).
Bom, nem preciso dizer que no primeiro ano me frustrei muito porque não tinha idéia de como era concorrido este curso e de quanto precisaria estudar, uma vez que não teria dinheiro para pagar um curso destes numa faculdade privada e também porque não queria nenhuma outra que não fosse USP ou UNESP, aliás só aceitaria uma faculdade paga de Jornalismo se esta fosse a Casper Líbero, ou seja, a melhor faculdade privada de Jornalismo de São Paulo, onde também tentei entrar por três anos sem sucesso.
No segundo ano de cursinho já estava desanimada pois tive que começar a trabalhar para cobrir os gastos com o cursinho e também para ajudar em casa pois minha família além de não ter condições de me ajudar nestes gastos começava a precisar de mais um braço para segurar as despesas. Preciso dizer o resultado do vestibular? Pois é, não passei.. E me frustrei ainda mais, tanto que resolvi dar um tempo e repensar minha futura carreira, neste momento eu estava trabalhando numa loja de produtos para diabéticos, como vendedora, fiquei neste emprego por dois anos e me especializei no tema! Hoje sei tudo sobre diabetes, causas e tratamentos. Neste mesmo período também me interessei por um curso técnico de teatro, profissão pela qual fui criando grande interesse, fiz até a metade deste curso e mais uma vez por falta de dinheiro tive que parar, mas talvez na época eu também já não visse um futuro muito promissor para mim nesta profissão.
Saindo deste curso também decidi sair da loja de produtos para diabéticos e procurar algo maior, neste momento eu tinha 22 anos e fui convidada para trabalhar com informática numa empresa que presta serviços de desenvolvimento e vendas de softwares, fui contratada para trabalhar na área de vendas da Ideologica Informática, onde fiquei até os 24 anos, tentei neste meio tempo fazer uma faculdade de tecnologia chamada ‘Gestão de sistemas de informação” pra me integrar mais da área em que trabalhava, mas só fiquei um semestre neste curso que além de não me agradar também não coube no meu bolso, pois eu ainda ajudava a família nas despesas.
Quando completei dois anos de Ideologica resolvi sair e buscar outra área de atuação, então entrei em uma empresa maior (Grupo FB) para trabalhar com auxiliar administrativo, me mudei para São Paulo para ter uma vida mais independente e confesso que foi o período intenso e sofrível de minha vida com grandes perdas emocionais, depressão e poucas perspectivas, estava então com 25 anos totalmente perdida emocionalmente e financeiramente.
Um dia acordei e pensei que precisava dar a volta por cima, mudar aquela vida que não ia para lugar algum, decidi que trabalharia como educadora, ou melhor como arte educadora, pois já amava artes, comunicação e conhecimento, foi então que peguei um empréstimo no banco e me matriculei no curso de Educação Artística com habilitação em Artes cênicas da Faculdade Paulista de Artes, e comecei a fazer o curso sem imaginar como faria para pagar a 2ª mensalidade, foi então que tive um grande momento de sorte e a Ideológica me fez uma proposta para que eu voltasse a trabalhar lá , eu aceitei e ainda consegui pagar seis meses da faculdade com a rescisão da outra empresa (Grupo FB) que consegui que me demitisse.
Cursei Educação Artística por dois semestres sendo que no segundo semestre já não conseguia mais pagar, pois neste momento tinha minhas próprias dívidas para administrar. Quando vi que não conseguiria iniciar o terceiro semestre resolvi fazer o ENEM para tentar a bolsa do PROUNI e conseguir finalmente terminar um curso de graduação, então fiz aprova e atingi 70% de acertos mas infelizmente não pude continuar a fazer o curso de Artes pois minha faculdade saiu naquele momento da lista de faculdades conveniadas ao PROUNI e as outras conveniadas ao PROUNI tinham meu curso dispunham de poucas vagas e conseqüentemente muita concorrência.
Comecei a fazer o curso de Pedagogia em 2005 logo após abandonar o curso de Artes, pedagogia foi a segunda opção escolhida na lista de cursos do PROUNI, não por acaso e sim porque vi a possibilidade de trabalhar com educação de outra maneira e me especializar em artes depois desta graduação, e hoje com 30 anos de idade, estou finalmente terminado um curso de graduação, cheia de perspectivas, expectativas, medos, anseios e com muita vontade de aplicar todo o conhecimento que aprendi não só neste curso mas em todos os outros que iniciei, aprendizados estes que levarei por toda a minha vida, pois fazem parte da construção de quem eu sou hoje.